Diário de término parte um
Já se passaram três dias. Não tem manhã, não tem noite ou tarde. Tem culpa, mas não só isso. Em quanto tempo será que a gente fica nesse luto? A gente tem que seguir um cronograma de perda? O que sentir? O que fazer? Descrever esse tipo de dor é tipo o vento, vazio e forte, não tem cor. Porém é como flutuar porque não tem mais chão, é sorrir porque tem um medo de perguntarem o que aconteceu. A dor é como se fosse um engasgo, um grito na garganta, um nó, uma amarra, é como olhar pro nada gritando por dentro. É como pular de um ônibus que está em movimento. No dia 3, sinto que é um ápice, porque é recente, um repente, porque há perguntas. Há dúvidas do que fazer. O quê que eu fiz? por que eu fiz? e agora? O que eu vou fazer agora? Eu sabia que ia estragar tudo!? Se fico por perto, porque não quero perder, se me afasto pra ela e eu esquecermos a nossa história e tentarmos reinventar outra. Mas e se não? E se não for isso? E se essa história de filme não existir? E se... e se..