Diário de término parte um

   Já se passaram três dias. Não tem manhã, não tem noite ou tarde. Tem culpa, mas não só isso. Em quanto tempo será que a gente fica nesse luto? A gente tem que seguir um cronograma de perda? O que sentir? O que fazer? 

   Descrever esse tipo de dor é tipo o vento, vazio e forte, não tem cor. Porém é como flutuar porque não tem mais chão, é sorrir porque tem um medo de perguntarem o que aconteceu. A dor é como se fosse um engasgo, um grito na garganta, um nó, uma amarra, é como olhar pro nada gritando por dentro. É como pular de um ônibus que está em movimento. 

   No dia 3, sinto que é um ápice, porque é recente, um repente, porque há perguntas. Há dúvidas do que fazer. O quê que eu fiz? por que eu fiz? e agora? O que eu vou fazer agora? Eu sabia que ia estragar tudo!? Se fico por perto, porque não quero perder, se me afasto pra ela e eu esquecermos a nossa história e tentarmos reinventar outra. Mas e se não? E se não for isso? E se essa história de filme não existir? E se... e se... E se eu perdi o último barco?

   Nesse fatídico terceiro dia, pergunto-me se é isso perder o amor da sua vida. Se é essa dor de perda, luto, de querer e não poder mais. Não sei dizer, não sei sentir porque era pra sempre, não?

Não.

   Apesar desse terceiro dia estar escuro, meus sentimentos estão escutando Anavitória no fundo, meus sentimentos escutam Lisboa lembrando dos olhos mais lindos que eu já vi, torcendo pelo melhor, porque se for por mim vai ser assim, eu prometo o meu melhor, e eu vou correndo abraçá-la igual melodia. É só ela querer. Pra gente, enfim, se amar e se reinventar de novo. Por enquanto, vamos nos cuidando e bebendo água.

   Volto no próximo ápice, quem sabe.

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