Extremo luto


Frederico o abraçou a noite inteira. O que sentia, não sabia, tremedeiras, frio, medo e desespero. Todos os sentimentos juntos em um só corpo, em um só coração. Um arrepio insano o domou quando abriu os olhos de manhã. Como sempre insensível, olhou pela janela do quarto e percebera que tudo que sentia era em vão. Olhou para o lado e viu Frederico observando o seu despertar.
Com muita calma se levantou, mas incrivelmente veio à necessidade insana de sofrer aquilo que todos sofreram em um momento de desespero, gritou o nome de Frederico...
“Meu deus, estou tão atordoado, como um ser como eu, é tão insensível quando acorda, acaba torturado quando pensa? Como é possível tudo isso acontecer? Sinto-me fraco, e sem destino, sinto dores que não são materiais, isso não é como o passado, isto é pior, meu coração aperta, ele bate forte, e dói a cada batimento. Tudo está preto e branco e não paro de pensar. Frederico, o que acontece com minha alma? Está tão perturbada e inquieta, ouço tiros atingindo a alma como pensamentos atordoantes que invadem a minha mente. Como entender o coração mais invisível de manhã e o mais cheio de dores de tarde, de noite, até a madrugada plena em insônia? Sinto infelizmente a morte rondando meu corpo pedindo para que a acompanhe ao destino sangrento, e eu digo não... Ainda não...”

Dito isto, o ser continua a fazer coisas do dia a dia. Assiste TV, deita, se arruma, não consegue comer, na rua sua face pálida e quente, não ver o sol do meio dia, o céu chora junto com a alma e nem mesmo as pessoas fazem sentido.
Olha pela janela como todos os dias, Frederico está agarrado à alma do ser, inquieta, ele diz “calma” o protegendo para que nada de impulso aconteça... As casas não traziam lembranças... Só havia um pensamento trágico, e ao extremo luto chega ao lugar destinado, observando os seres que o rodeiam, pega sua caneta e como um poeta ensangüentado e abatido descreve tudo aquilo que sua alma grita...

P.s: um desabafo(07-04-2011)

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