Querido diário virtual


Querido diário, posso eu reclamar de todo tempo perdido em que encontro-me deitada, sentada, brincando com o ócio, olhando para o nada, olhando para dentro e etc, chamo isso então de procrastinar sem culpa. “Faz quarenta dias que estou no meu barco a velas” como diria o Vanguart, diferentemente desse, sem o álcool e a boemia, é inevitável sentir-se sozinho.
É inevitável culpar o destino e o que se acredita quando a sua vida ativa muda repentinamente para o nada. O tempo parou no momento em que eu caí. Eu poderia dizer que estava com raiva por
quebrar o que não poderia ser quebrado no momento, um mero osso e vários paradoxos que eu enxergava por estar cega, para então, passar dias pensando que o ser apodreceria com o tempo. Mas a contínua verdade de que nada somos diante de situações bobas, é gritante demais É fato que qualquer alma grita quando não se tem o poder,
o poder de escolher o que quer, o que deseja, de ir e vir, o que é, em sua concepção, deveras necessário para sentir-se bem.
Diante de todos esses dias, descubro uma parte de mim que eu nem enxergava, há uma reviravolta no paradoxo que é o universo. O meu universo E há, apesar de tudo atropelar-me diante do que eu
respiro, a gratidão. Por estar onde estou, por ainda haver os olhos e as mãos para ler e escrever, por enxergar quem se tem do lado, e quem, como cantou Cícero: “Fica bem ai, que essa luz
comprida ficou tão bonita em você daqui” eu cantaria.
Sabe, ainda dá para cantar pelos altos toda a minha playlist, ainda dá pra cantar Far from Alaska e fingir uma bateria imaginária mesmo com um pé, ainda dá pra romantizar todas as músicas do Vanguart. Ainda dá pra gritar Pitty. Dá para pensar que vou voltar, mesmo que tenha um longo tempo de altos e baixos por vir, dá pra sorrir, sim. Eu seria hipócrita em dizer-lhes que estou tão bem e que não sinto rancor pelo meu presente, a vida
perdeu algumas cores, mas não foram todas.
Ler é o bem mais precioso de todos, apesar da Loucura auto-elogiar-se em um livro.
Ei, eu só estou aqui para lembrar-te bem que a paciência é uma das dádivas que os escritores martelam pra ti, em ar de motivação.

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