Maybe

 Talvez eu esteja ali, aqui, ou mais acolá. Talvez eu não seja eu.Talvez eu não esteja debaixo da janela do primeiro andar do presídio de sonhos atordoados.

Mas eu continuo embaixo da janela, vendo os paradoxos da visão do mais miserável cidadão, o qual é a voz calada/ distorcida da minha alma. Mas não o acorde, prefiro que continue no chão empoeirado do nono andar.

Um dos pássaros vai em direção da árvore de Dalí, da última vez ele estava no mundo de Alice. Ele dizia que me matava sentado no relógio gritante de suas obras. Mas o clima muda, está nublado e o ar está perfeito. Talvez agora seja confortável lembrar o quão feliz ela me fazia, o quão bom era a morte lenta. E a perdição de sentidos, os surtos e o estragar da beleza? Jamais me arrependeria se soubesse que ainda estou viva. Espero que aqueles olhos que de tudo me disse, tome o melhor rumo que a vida lhe permitir. Ela era linda sob a luz, daqui do vigésimo quarto andar.

Olha ali o pássaro de novo! Olha só as suas asas escuras, me lembra o mágico, calado e mórbido mundo dos escritores fartos. Lembra a liberdade. Lembra o desabafo. Lembra a escrita, lembra a guerra entre a tua alma e as palavras, o entrelaçar perfeito de calma. A escrita te liberta, te mata, te renasce, te inventa. Talvez, eu nunca tenha sido franca em relação a isso, mas daqui do último andar, não me lembro de nada mais importante do que eu.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O ultimo mês...

Eu e a Lua

Querido diário virtual: Rotina perdida