Devaneio de plantão
Que tédio. Sentada na cadeira do trabalho,
começo desesperadamente a pensar. Como o tédio é capaz de trazer pensamentos
tão insignificantes assim?!
Olhando pela janela, vejo os urubus voando por entre os prédios imundos,
penso sobre a visão.
Por exemplo, olhei para a janela, acabo de
sentir-me dentro de um sonho. E por loucura imaginei-me no mesmo lugar que
Alice. Quanto mais eu olho, sinto-me diante de uma pintura com imagens
graficamente irreais. De repente, as imagens de Alice somem, vejo-me agora
mergulhada no mundo surrealista de Dalí, tudo se embaça. O prédio mais próximo
é um gigante psíquico da guerra antiga. As nuvens encontram-se negras, e os
relógios começam a descer em câmera lenta, estão mostrando as memórias de um
sonho, juntos delas o mesmo horário da tela do computador.
A
mesa estremece um pouco e logo para. A imagem de Salvador está logo a frente da
fábrica desconhecida, e logo ela se transforma em uma pintura realista demais.
Uma arma. Dalí sorri. Está rindo. E ela explode. KABUM. A bala vem na minha
direção, está pronta para destruir o meu mundo, não faço nada, não fujo, a
deixo vir. O coração começa a bater mais rápido e forte. Olho para o livro de
Goethe e dou-me conta que não estou com medo. A bala continua vindo com a mesma
força... Pronta para me destruir.
Eu
quero abraçá-la, pois se que não me matará.
Ela chega à janela com força máxima, os
relógios de Dalí param-na no tempo, meu olhos brilham.. Meu deus.. Eu sorrio,
fecho os olhos.
TOC TOC TOC
– Hey, menina, você pode laudar
este lote de hemograma?
Talvez a visão de um louco não seja tão
insignificante no tédio assim...
-Posso sim, doutor ~
São apenas, 10:20 da manhã.
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