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Toque toque toque

 Toque quente, suave Poderia dizer que minha linguagem do amor, como dizem as línguas por aí, é o toque. O toque específico. O toque leve de antes do caos acontecer tornou-se o meu lugar seguro, meu segundo lar. Dentro do toque, houve o Adeus, há o Olá de novo e o que há no amor. O toque descontraído  andando por aí  O toque do boa noite E até hoje não sei se sonhei, se imaginei, mas deitada naquele breve momento de saudade e calor, senti o braço dela sobre mim por uns cinco segundos. Ali estava, o meu lugar seguro.  Dentro do toque senti a saudade que meus olhos ardidos despedaçados jamais sentiram por dias e noites em um mês. Desesperador. Não Era outra saudade, saudade conhecida e calma, sem apego, a saudade que perdi junto de mim há muito tempo atrás e agora voltara. Que saudade.  Do toque  Do cheiro Do riso Meu deus Dos olhos Hoje sei que o toque é o meu favorito, porque se torna um combo do infinito e das certezas que tenho depois do inferno.  Aprendi que ela é uma certeza sem pr

Hoje eu dancei com a saudade

Foram as lembranças de quando tu seguravas a minha mão e me puxavas para uma vida que nem eu sabia que procurava.  Também não sabia que tinha amadurecido até para o luto. Não sabia que queria sossego. Mas soube que queria uma vida que nunca imaginei ter. E o quanto de amadurecimento preciso ter. Isso é o que acontece quando tu olhas tanto para dentro tentando observar os teus sentimentos. Há muita coisa ali que a turbulência cegou, turvou, endiabrou.  Percebi que aprendi a amar de modo doce, inefável, boêmio. Sinto que foi a primeira vez que experimentei o amor recíproco, puro, genuíno.  O amor genuíno é o que ensina a rir, a chorar, a chorar de felicidade quando tu vê aquela pessoa pegar no sono, a compartilhar, a cuidar, dialogar, a rir até mudar o tom da risada, que ensina a partilhar a vida e é como se a felicidade fosse caminho que se percorre e é construído no passar do tempo.  Aprendi que até o amor, às vezes, também precisa de tempo. Para se curar, se olhar, se conhecer e final

Vestígios de mim

 Tenho saudade da liberdade Tenho saudade da dança no escuro Tenho saudade da subjetividade rara  Tenho saudade do sorriso Tenho saudade de aproveitar o dia Tenho saudade das particularidades Tenho saudade de respirar sem amarras  Tenho saudade de andar sorrindo Tenho saudade da música  Tenho saudade da genuína felicidade Tenho saudade do vinho quente Tenho saudade da paz da solidão  mas um aviso: eu não estou morta, parece, mas não estou Estou nadando contra mim e o que me tornei, sabendo e sentindo que eu não sou eu mesma nas minhas entranhas Também não sei quem eu sou e eu estou tentando me encontrar e me vincular comigo para que no fim, eu seja a pessoa que se apaixona por algo novo, alguém que tem ânsia sem perder o fôlego Tenho saudades de mim e pra você, leitor,  eu tenho saudade de sentir como se não houvesse amanhã.

A tua voz

 Não foram 84 anos de espera Mas hoje a tua voz entrou em mim Como uma onda Que transbordou Eu não sou mais tão boa com as palavras Mas a tua voz me fez escrever de novo Porque ela acalmou meu coração ansioso Que em nada se segurou no dia O que quero dizer é que esse poema, poesia, escrita, desabafo que veio do nada, foi o que a tua voz fez em mim Chegou de mansinho e riu Deslizou em mim como um rio Que se pudesse, meu bem Usaria dela a mais pura paz que desperta em mim  Toda noite Além de despertar tudo aquilo Que descobri quando te vi Ali sentada de frente pro rio Rio esse que é a tua rua Rio esse que é a paisagem do nosso lugar Rio esse que carrega o último barco.

Café com arte

 A roda de espelhos era viva As palmas no ar ecoavam o ar quente Soprava abafado nos ouvidos  Eu, você e ele  E só nós três  Era um novo mundo Com frestas de luzes coloridas Eram noites de pés inquietos Onde os corpos rodopiavam no ar Extravasando sorriso e suor Mais um gole Mais um trago Mais um tiro O coração palpitava a cada batida musical Do som feito cobertor  Que nos embrulhava de olhos fechados Rodava, rodava, rodava  Hálitos das diversas histórias  Bocas bêbadas e macias  Envolvendo  Eu, ele e você  Em um novo mundo  Que criamos somente em nós

O último barco

 Apaixonar-se  Significa atravessar um labirinto em chamas Significa soprar as cinzas do passado  É esperar até o último barco Até alojar-se em um eco acalorado De um olhar ou um riso que lhe transmite o infinito Há quem diga que é amor Ou que seja a discreta alegria de carnaval  No espaço onde as vozes dançam E o tempo se perde junto das palavras Apaixonar-se É o calor do mundo na ponta dos dedos  Que se entrelaça nas mãos juntas Sobe para o peito e transborda  Numa aglomeração de pequenas felicidades E dar-se conta do sentimento inefável Do teu nome em mim.  Obrigada por tanto.

Lo ne ly

 É azul  É como uma agonia dilacerante frente ao meu peito nú Coberto de cinzas, De um nó semblante,   Que grita vermelho Eu quero te quero perto de mim Será carência que eu quero silenciar? Ou de fato é dor que eu quero gritar? É tão só É tão agitado os passos de quem grita É tão pulsante o coração sem a agonia de amar É tão ansioso Que pela morte respira A vontade que não quer partir É preto e branco Eu posso te ligar?  Dizer-te o meu nome?  Onde eu moro?  Dizer-te quem eu sou?  Talvez você me conheça Ou não Talvez você fuja Talvez você se zangue Mas que sorte Quem é? Você? ou Eu? É tão solitário Que quando escrevo Não é o teu nome que eu escrevo É o meu É o meu peito Que pulsa  Por mim. "Cause I've had everything But no one's listening And that's just fuckin' lonely"